Disrupção e os limites do meu mundo

O cérebro é um órgão social “feito” para estar em relacionamento. Nessa linha, somos levados a pensar que o que acontece entre cérebros tem muito a ver com aquilo que acontece dentro de cada cérebro individual. Dito de outra forma, todo cérebro é continuamente construído e modificado por suas interações com os outros e com o ambiente. Em sentindo mais amplo, todas as vezes em que uma pessoa dedica atenção e afeto em benefício de outras, elevam-se questões como felicidade, significado, satisfação e sabedoria entre todos.

Isso te lembra alguma coisa? Sim, agora estou falando de memória – este grande e dinâmico arquivo mental, que é justamente a forma como um evento do passado nos influencia no presente. A memória funciona como uma poderosa máquina de associações, processando coisas do presente e relacionando-as com experiências anteriores, as quais influenciam fortemente a maneira como compreendemos aquilo que vemos e/ou sentimos diariamente.

Cabe um alerta de que recuperar uma determinada memória passa pelo risco de distorções. Sim, memória é associação vulnerável a distorção, pois nosso estado de espírito ao lembrar e contar alguma coisa pode ser diferente daquele momento em que o fato ocorreu – e isso influencia a memória, podendo inclusive modificá-la.

Certas memórias nos afetam sem que tenhamos consciência de que algo veio do passado. E por outro lado, podemos revisitar memórias, dando à elas novos significados e atualizações…

Que maravilha! Isso é altamente disruptivo!!!!

Disrupção é definida por especialistas como uma interrupção da normalidade. Significa interromper o curso normal das coisas, sejam elas do equilíbrio de organismos vivos, de processos ou modelos de negócios. E olha que a normalidade nunca mudou nada.

Existe um entendimento mais popular de que a disrupção é algo súbito, profundo e que surpreende a todos. Mas na verdade, disrupção é um fenômeno com ciclos de anos, séculos e até milênios, que tem o seu ápice numa determinada “fatia do tempo”.

A disrupção é um dos fenômenos mais antigos que conhecemos e que surpreende a todos, especialmente pela  intensidade de determinados impactos. A invenção da roda, há mais de 5.000 anos, transformou a nossa forma de viver e trabalhar, assim como a invenção da primeira moeda – e lembrar que antes disso fazíamos escambo de produtos – que era a nossa forma de trocar riquezas. Hoje temos Uber, AirBnb, Netflix e muito mais por aí…

Enfim, todos nós precisamos ser disruptores ou disruptivos, sem abrir mão de nossos valores e da nossa essência, mas para atualizarmos e inovarmos em nossa própria existência.

Mudanças de comportamento, de hábitos, bem como Ideias Inovadoras e Disruptivas não nascem de imediato nem do repetido, elas podem nascer justamente da vivência de uma experiência diferente, ou seja, podem nascer da nossa percepção de sinais presentes na Realidade atual!

Finalizo com um convite: que tal não desperdiçarmos as oportunidades que uma crise trás?!!! Afinal de contas, o Filósofo austríaco Wittgenstein já nos dizia no Século passado que “os limites do meu mundo, são os limites da minha linguagem”.

Abra espaço para a inovação, começando por um modelo mental de aprendizagem, disposto a experimentar, testar, errar, não se culpar, aprender com os erros, tentar de novo e fazer melhor.

Viva essa experiência!

Rony Tschoeke

Autor do Livro SCRIPT UMA OBRA INACABADA, 2021