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O que aprendi com Alonso

Em pouco tempo de conversa ele me disse que “somos uma longa história”. Cada um de nós sente o que se é – e ao mesmo tempo somos uma coisa só. Tudo é tão natural…

Havia uma brisa tão gostosa, relaxante, carregada de emoção. Sabe aquele cheiro de café sendo coado?! Tão bom quanto!!

Se hoje somos, ontem já fomos e bem antes disso recebemos muitas coisas. Alonso não conhece bem toda a história, mas dos bisavós alemães guarda memórias – é quase como um piano ali no canto da sala. Ao abrir a tampa, cada tecla contém um som, um encanto, um tanto…

Sinto um desejo enorme de ficar por ali mesmo. É um lugar solitário, mas tão completo. Sigo observando, sorvendo, curtindo e aprendendo.

Timidamente me oferece uma torta de maça. Só de falar sinto a boca salivar… Quanta história para contar que preferiu calar. Também calei. Sequer sentimos falta de dialogar. Os olhos dançavam em notas leves.

Eis que surge João Felipe, loirinho, todo arrumado, educado, reservado. Alonso me explica que seu neto veio passar a tarde com ele. E que se dão super bem, mesmo que as vezes um não saiba o que o outro esteja fazendo. Mas estão!

“Cheguei aqui fazem uns dois anos. Não buscava nada de especial, mas quando percebi, tinha tudo aqui” – me disse Alonso, numa tranquilidade gostosa, leve e prazenteira, mostrando fotos na prateleira.

E prosseguiu me contando que sim, recebe visitas e as vezes também vai visitar, passear e experimentar. Mas ali, em meio aquela natureza, com seu fogão a lenha, seus livros, discos, fotos, objetos de decoração que já devem ter testemunhado mais momentos do que eu seria capaz de descrever… E também seu papéis – muito papéis, em branco, escritos, separados numa organização bagunçada, ao melhor estilo prazer despojado…

Me contou que é tocado por música. Quando isso ocorre, naturalmente busca um papel e uma caneta, para então apreciar a “impressão” dos seus sentimentos pensados e narrados no ritmo melódico da orquestra que toca ao fundo…

Suavidade, prazer, realização, calma. Me confessou que sente-se preenchido, pois sabe que suas palavras ganharão vida ao se encontrarem com leitores que consigam prestar atenção no texto e naquilo que não está escrito, mas que brota dentro de cada um!

“Sinto que é Amor” – disse Alonso – “e Amor é uma coisa só. Não existem barreiras nem fronteiras para o Amor”.

Eu sinceramente gostaria que você estivesse aqui conosco agora. A vista desse lugar é incrível. Aquece a alma. Preenche. Encontra. Satisfaz… Que bem que me faz!

E você, já sabe o que realmente quer?!

Rony Tschoeke

@rony_tschoeke

Autor do livro SCRIPT UMA OBRA INACABADA (Chiado Books, 2021)

 

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