O valor das verdadeiras histórias de vida!

Escrevo após refletir um pouco sobre: quando é que o PAPAI mais aparece??

Esta época do ano sugere pensarmos logo no PAPAI NOEL. Mas não é sobre este PAPAI que escrevo e sim sobre o PAPAI no sentido literal da palavra.

Acabo de retornar de uma viagem de férias, onde tive a felicidade de estar próximo das mulheres mais importantes da minha vida: minha mãe, uma das minhas irmãs (outra estava em viagem diferente), minha esposa e minha filha. Um verdadeiro presente de DEUS poder desfrutar dessa convivência verdadeira durante 6 dias inteiros, nos quais o tempo fez questão de nos permitir momentos muito agradáveis, onde pudemos conversar, silenciar, apreciar, comer, brindar, mergulhar, relaxar, conversar, silenciar, dormir, comer, caminhar num dos ritmos mais lentos de todo o ano – por vezes parando a tranquila caminhada para terminar uma história e depois continuar nas passadas rumo ao próximo momento…

Obrigado Senhor! A graça de DEUS em nossa vida é algo que merece ser celebrado e compartilhado.
Vou aos extremos para comentar sobre o termo PAPAI, pois essa palavra foi pronunciada várias vezes ao longo dessa estadia, tanto pela minha filhota de apenas 6 anos muito intensos e velozes, como pela minha mãe no auge dos seus sábios e maduros 77 anos, já e ritmo mais cauteloso, porem muito seguro em cada passo e cada palavra pronunciada (ou as vezes não pronunciada, pois realmente maturidade é saber / conseguir silenciar quando todos gritariam)…

Me refiro aos dois extremos sem citar as idades das demais personagens desse relato (minha irmã mais velha e minha esposa), pois ambas são mulheres bonitas, jovens e elegantes, as quais certamente não apreciariam esse detalhe numérico em meu texto.

Voltando a quantidade de vezes em que a palavra PAPAI foi pronunciada nessa viagem (em que pese logicamente ter sido superada largamente pela pronúncia da palavra MAMÃE!!!!!), me chamou a atenção o valor dessa palavra… Sei que sou suspeito para fazer essa análise, mas quando minha filha dizia PAPAI, aquilo entrava de uma forma tão carinhosa e plena em meus ouvidos, que subitamente funcionava como um imã capaz de atrair minha atenção naquela direção – e com um enorme prazer. Claro que facilitado em muito pela minha presença física e também da minha filha naqueles momentos.

Contudo, me chamou ainda mais a atenção o fato de que todas as vezes em que minha mãe pronunciava a palavra PAPAI, eu percebia a mesma emoção na voz dela e o mesmo nível de envolvimento com o momento – tendo porêm um importante detalhe nesse caso: seu papai já faleceu há muitos anos atrás e a filha tem hoje 77 anos. Te confesso que não parece. Eu que gosto (e muito!) de ouvir histórias da vida de minha família, em especial contadas pela minha mãe, fiquei impressionado ao constatar aquilo que o dito popular já afirma: que os filhos não tem idade para os pais. E creio que o pais também não tem idade para os filhos!!!

As histórias de minha mãe envolvendo seu pai giravam em torno da admiração pela coragem dele ter vindo da Alemanha, durante a Primeira Grande Guerra, num inóspito porão de um navio, vindo inclusive a se perder de seu irmão no porto do Rio de Janeiro se nunca mais ter notícias dele. Ao chegar no interior de Santa Catarina, fixou residência e construiu uma família com esposa e 11 filhos (3 meninas e 8 meninos), sustentando à todos com os negócios que criou, onde destaco: ferraria, marcenaria, fábrica de canudinhos e de pois fábrica de carrocerias, os quais se modificaram um pouco a medida em que os filhos foram crescendo, a cidade mudando, as profissões surgindo e tantos outros detalhes que minha mão conta com uma riqueza de detalhes que eu não teria capacidade de descrever…

PAPAI!!!!
No meu caso, eu já não posso mais chamá-lo assim presencialmente, pois meu pai nos deixou há mais de 18 anos. Mas ao chegar em casa após essa viagem, ao ouvir novamente um sonoro e carinhoso PAPAI, contemplei e admirei minha filha, lembrei de minha mãe e tive a certeza de que a PRESENÇA FÍSICA é somente um detalhe dos relacionamentos. Existem tantas pessoas próximas que estão tão distantes enquanto outras estão fisicamente muito longes (ou até mesmo em outro plano), porêm verdadeiramente juntas, no coração, na alma, no sentimento, no pensamento, na lembrança e na esperança, no orgulho de pertencer ou ter pertencido e na saudade de sentir ou ter sentido…

Obrigado por ter lido, espero que tenha lhe feito sentido, pois aqui digito pedindo licença às imagens e lembranças que estão em minha mente, como se fossem a inspiração para que eu tente te dizer o seguinte: esteja perto de quem você ama e que te ama de verdade, do seu jeito, pois o presente é o passado do futuro.

Peço a DEUS que seu ANO NOVO seja abençoado e que você tenha vários momentos com àqueles que ama!!

2016: estamos prontos. Venha!!!!!!

Ps.: antes de partirmos, minha mãe buscou fotos de quando a mãe dela fez 70 anos, já viúva, e todos os 11 filhos e filhas estavam ao seu lado naquela mesa… Trouxe também fotos do seu pai em frente a Oficina que construiu com tanto suor e relembrou as histórias recontadas naqueles dias de hotel, sombra e TEMPO para conviver… Daqueles 11 irmãos, hoje apenas um irmão está vivo, minha mãe e sua irmã mais velha… Porêm vivas mesmo estão as lembranças de um tempo que já se foi, deixou saudades, mas muito mais do que saudades, deixou valores e sentimentos nobres, os quais nos são passados todas as vezes em que nos permitimos OUVIR aquilo que um coração repleto tem para compartilhar. Cada vez mais acredito no poder das verdadeiras histórias da vida!!! “Elas” ensinam muito para quem estiver disposto a ouvir e aprender. Que DEUS nos ajude a aplicar e a replicar pelas próximas gerações.

Rony Tschoeke